Hoje, no Comentário, pedimos a opinião de Masaru Kaneko, professor da
Universidade Keio, sobre o futuro da crise da dívida na Europa.
A crise europeia não parece passar nunca. Começamos perguntando a Kaneko
qual seria o núcleo da crise e como ele avalia esta situação.
Kaneko diz: "o problema é que as instituições financeiras que possuem
títulos de governos de países economicamente fracos estão passando por
dificuldades de gestão.
A crise dos empréstimos irrecuperáveis de 2008 destruiu a bolha
imobiliária, deixando as instituições financeiras com enormes montantes
de dívidas insolúveis. Os bancos que cederam esses empréstimos
não-recuperáveis compraram títulos desses países com problemas fiscais
por não terem onde investir este dinheiro depois da explosão da bolha.
Quando os riscos de calotes começaram a aumentar nesses países, um
efeito bumerangue devolveu esses riscos, atingindo as instituições
financeiras que possuíam os títulos governamentais e levando a uma crise
de gestão dessas instituições. Esta foi a reação em cadeia entre a
crise do débito e a crise financeira. Neste sentido, podemos dizer que o
mundo entrou na segunda fase da crise financeira global."
Kaneko falou também sobre a situação na Espanha, o atual foco de atenção
da crise europeia. No dia 8 de junho, o FMI (Fundo Monetário
Internacional) emitiu um relatório afirmando que a Espanha precisaria de
cerca de 50 bilhões de dólares, na forma de injeções de capital nos
bancos. Um dia depois, no dia 9 de junho, os países da zona do euro
concordaram em emprestar cerca de 125 bilhões de dólares em fundos
públicos ao país.
Contudo, as preocupações sobre a possibilidade desse empréstimo piorar a
situação financeira do governo espanhol resultaram num aumento dos
rendimentos dos títulos a prazo fixo em 10 anos para quase 7%.
Se a Espanha continuar emitindo mais títulos do governo com taxas a esse
nível, uma nova crise da dívida poderá ser deflagrada. Um total líquido
de cerca de 121 bilhões de dólares em investimentos deixaram a Espanha
durante o trimestre de janeiro a março. No momento, o país enfrenta uma
situação realmente difícil.
Se a crise econômica que teve início na Grécia se espalhar à Espanha,
Itália e outros países da Europa, isso poderá aumentar o risco de
desintegração da União Europeia.
Kaneko conclui dizendo que, mesmo se esse risco for evitado, a crise
pode continuar por um longo período, a menos que haja uma grande injeção
de fundos públicos nos bancos que estão tendo dificuldades financeiras.
Este foi o Comentário.
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