quarta-feira, 13 de junho de 2012

A situação da crise da dívida na Europa

Hoje, no Comentário, pedimos a opinião de Masaru Kaneko, professor da Universidade Keio, sobre o futuro da crise da dívida na Europa.

A crise europeia não parece passar nunca. Começamos perguntando a Kaneko qual seria o núcleo da crise e como ele avalia esta situação.

Kaneko diz: "o problema é que as instituições financeiras que possuem títulos de governos de países economicamente fracos estão passando por dificuldades de gestão.

A crise dos empréstimos irrecuperáveis de 2008 destruiu a bolha imobiliária, deixando as instituições financeiras com enormes montantes de dívidas insolúveis. Os bancos que cederam esses empréstimos não-recuperáveis compraram títulos desses países com problemas fiscais por não terem onde investir este dinheiro depois da explosão da bolha.

Quando os riscos de calotes começaram a aumentar nesses países, um efeito bumerangue devolveu esses riscos, atingindo as instituições financeiras que possuíam os títulos governamentais e levando a uma crise de gestão dessas instituições. Esta foi a reação em cadeia entre a crise do débito e a crise financeira. Neste sentido, podemos dizer que o mundo entrou na segunda fase da crise financeira global."

Kaneko falou também sobre a situação na Espanha, o atual foco de atenção da crise europeia. No dia 8 de junho, o FMI (Fundo Monetário Internacional) emitiu um relatório afirmando que a Espanha precisaria de cerca de 50 bilhões de dólares, na forma de injeções de capital nos bancos. Um dia depois, no dia 9 de junho, os países da zona do euro concordaram em emprestar cerca de 125 bilhões de dólares em fundos públicos ao país.

Contudo, as preocupações sobre a possibilidade desse empréstimo piorar a situação financeira do governo espanhol resultaram num aumento dos rendimentos dos títulos a prazo fixo em 10 anos para quase 7%.

Se a Espanha continuar emitindo mais títulos do governo com taxas a esse nível, uma nova crise da dívida poderá ser deflagrada. Um total líquido de cerca de 121 bilhões de dólares em investimentos deixaram a Espanha durante o trimestre de janeiro a março. No momento, o país enfrenta uma situação realmente difícil.

Se a crise econômica que teve início na Grécia se espalhar à Espanha, Itália e outros países da Europa, isso poderá aumentar o risco de desintegração da União Europeia.

Kaneko conclui dizendo que, mesmo se esse risco for evitado, a crise pode continuar por um longo período, a menos que haja uma grande injeção de fundos públicos nos bancos que estão tendo dificuldades financeiras.

Este foi o Comentário.

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