O professor Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, foi laureado com o Prêmio Nobel deste ano voltado para a área de Fisiologia ou Medicina, por criar células tronco pluripotentes induzidas, chamadas de células iPS. Yamanaka conseguiu pela primeira vez no mundo criar células iPS completamente novas, ao adicionar 4 genes específicos a uma célula de pele humana. As células iPS podem se desenvolver em outros tipos de células, tais como as dos músculos cardíacos ou nervos. No Comentário de hoje, a NHK entrevista o professor Yamanaka.
Perguntamos como ele se sente sendo laureado com o Prêmio Nobel.
O professor diz que sente duas coisas: gratidão e responsabilidade. Primeiro, ele diz que é grato pelo apoio que recebeu de seus colegas que foram companheiros em suas pesquisas, e também se sente agradecido ao Ministério da Educação e Tecnologia, além de outros órgãos do governo japonês. Ele também se sente grato à Universidade de Kyoto e diversos outros órgãos de pesquisa nos quais trabalhou. Ele não consegue agradecer o bastante a tantas pessoas, bem como seus familiares e amigos.
Em segundo lugar, a tecnologia ainda não tem aplicação prática na medicina, e ele acha que depois de ser escolhido para receber o Prêmio Nobel, terá a responsabilidade de desenvolver a tecnologia para que ela possa ajudar pacientes que sofrem de doenças incuráveis, bem como os familiares destes pacientes. Ele diz sentir uma grande responsabilidade e um forte senso de dever para que este objetivo seja atingido.
Em seguida, perguntamos ao professor como ele vê o futuro dos testes clínicos das células iPS, uma vez que pesquisadores do mundo inteiro estão engajados em estudos visando à aplicação prática na medicina.
O professor diz que as perspectivas variam conforme a doença. Estudos clínicos para uma doença ocular chamada degeneração macular da retina deverão ter início no próximo ano. Provavelmente será o início da primeira pesquisa clínica usando as células iPS. Pesquisas clínicas para outras doenças, como lesões do cordão espinhal, Mal de Parkinson e doenças cardíacas, deverão ter início dentro de alguns anos. Espera-se que sejam necessários 10 ou 20 anos antes que a tecnologia seja aplicada em plena escala nos tratamentos.
Os progressos dos pesquisadores estão avançando muito mais rapidamente do que o antecipado. O professor diz que quando conseguiu criar as células iPS pela primeira vez 6 anos atrás, ele não esperava que o processo passasse tão rapidamente para a fase de estudos clínicos. Isto é resultado do apoio obtido do governo e de muitas pessoas no Japão, incluindo todos os que trabalham com afinco em pesquisas relacionadas. Além disso, outros pesquisadores em número muito maior do que o esperado se envolveram na área em todo o mundo.
Como as pesquisas prosseguem em alta velocidade, os trabalhos relacionados a questões éticas e sistemas sociais relevantes precisam ser conduzidos na mesma velocidade.
Caso contrário, mesmo que os pesquisadores consigam progredir, os pacientes não serão beneficiados com a nova tecnologia. O professor diz acreditar ser necessário um equilíbrio na condução dos preparativos e dos trabalhos necessários.