No Comentário de hoje, conversamos com o professor Akio Koyama do
Instituto de Pesquisas de Reatores da Universidade de Kyoto sobre a
remoção das varetas de combustível da usina nuclear Fukushima 1.
Perguntamos a ele como o trabalho será realizado.
O professor diz que as varetas de combustível que serão retiradas em
julho não foram utilizadas e que os núcleos do combustível não passaram
por um processo de fissão. A radiação emitida pelo urânio apresenta
quase o mesmo nível daquele encontrado no meio natural. O professor
acredita que o vaso de contenção em que as varetas estão será retirado
com o uso de equipamentos pesados, como guindastes.
Ao mesmo tempo, na piscina de contenção do reator, existem 1.331 varetas
de combustível usado, que correspondem a mais de 80% do total. O nível
de radiação que elas emitem é muito alto, o que impede que elas sejam
extraídas nas condições em que estão, já que houve um processo de fissão
nuclear. Então, antes da remoção das varetas, recipientes com água para
bloquear a radiação serão colocados na piscina de contenção. As varetas
de combustível usado serão, então, colocadas em recipientes para serem
removidas.
O governo japonês planeja iniciar o trabalho de remoção no próximo ano.
Perguntamos ao professor quais desafios estariam por vir.
Ele diz que, até o momento, medições do nível de radiação da água da
piscina sugerem não ter havido grandes danos às varetas de combustível
usado. No entanto, seria necessário examinar diretamente as condições do
combustível usado, como uma forma de precaução. Segundo o professor, se
as barras de combustível usado tiverem sido danificadas pelos destroços
derivados da explosão de hidrogênio que ocorreu logo depois do acidente
nuclear, produtos de uma fissão podem ter se espalhado na água. Isso
deve tornar o trabalho de remoção ainda mais dificultoso.
Também há preocupações quanto à resistência do prédio do reator, como
se ele seria capaz de resistir a um novo terremoto de grandes
proporções. Isso de deve ao fato de que o desastre de 11 de março e a
explosão de hidrogênio que se seguiu provavelmente enfraqueceram a
estrutura e a resistência a terremotos do prédio.
Se o prédio desabar e fizer as varetas de combustível caírem e se
acumularem umas sobre as outras, o calor gerado pode alcançar um alto
nível. Isso pode fazer que os tubos de revestimento derretam.
Se isso acontecer, substâncias radioativas podem vazar dos tubos. A
retirada, então, de uma única vareta de combustível pode fazer a
diferença na redução de riscos. Assim, o professor conclui dizendo que é
vital que o trabalho de remoção aconteça o mais rápido possível.
Este foi o comentário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário