segunda-feira, 28 de maio de 2012

Considerações sobre o trabalho de remoção de varetas de combustível nuclear da usina de Fukushima

No Comentário de hoje, conversamos com o professor Akio Koyama do Instituto de Pesquisas de Reatores da Universidade de Kyoto sobre a remoção das varetas de combustível da usina nuclear Fukushima 1.

Perguntamos a ele como o trabalho será realizado.

O professor diz que as varetas de combustível que serão retiradas em julho não foram utilizadas e que os núcleos do combustível não passaram por um processo de fissão. A radiação emitida pelo urânio apresenta quase o mesmo nível daquele encontrado no meio natural. O professor acredita que o vaso de contenção em que as varetas estão será retirado com o uso de equipamentos pesados, como guindastes.

Ao mesmo tempo, na piscina de contenção do reator, existem 1.331 varetas de combustível usado, que correspondem a mais de 80% do total. O nível de radiação que elas emitem é muito alto, o que impede que elas sejam extraídas nas condições em que estão, já que houve um processo de fissão nuclear. Então, antes da remoção das varetas, recipientes com água para bloquear a radiação serão colocados na piscina de contenção. As varetas de combustível usado serão, então, colocadas em recipientes para serem removidas.

O governo japonês planeja iniciar o trabalho de remoção no próximo ano. Perguntamos ao professor quais desafios estariam por vir.

Ele diz que, até o momento, medições do nível de radiação da água da piscina sugerem não ter havido grandes danos às varetas de combustível usado. No entanto, seria necessário examinar diretamente as condições do combustível usado, como uma forma de precaução. Segundo o professor, se as barras de combustível usado tiverem sido danificadas pelos destroços derivados da explosão de hidrogênio que ocorreu logo depois do acidente nuclear, produtos de uma fissão podem ter se espalhado na água. Isso deve tornar o trabalho de remoção ainda mais dificultoso.

Também há preocupações quanto à resistência do prédio do reator, como se ele seria capaz de resistir a um novo terremoto de grandes proporções. Isso de deve ao fato de que o desastre de 11 de março e a explosão de hidrogênio que se seguiu provavelmente enfraqueceram a estrutura e a resistência a terremotos do prédio.

Se o prédio desabar e fizer as varetas de combustível caírem e se acumularem umas sobre as outras, o calor gerado pode alcançar um alto nível. Isso pode fazer que os tubos de revestimento derretam.

Se isso acontecer, substâncias radioativas podem vazar dos tubos. A retirada, então, de uma única vareta de combustível pode fazer a diferença na redução de riscos. Assim, o professor conclui dizendo que é vital que o trabalho de remoção aconteça o mais rápido possível.

Este foi o comentário.

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