No Comentário de hoje, Toshihiro Kudo, pesquisador do Instituto de
Economias em Desenvolvimento da Jetro, a Organização de Comércio
Exterior do Japão, nos fala sobre o estado de emergência declarado em
Mianmar.
Em meio aos progressos rumo à democratização em Mianmar, confrontos
entre budistas e muçulmanos estão em escalada em um estado no oeste do
país. O professor opina sobre a situação.
Ele diz que no estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, um confronto
latente sempre existiu entre a minoria muçulmana que se autodenomina
Rohingya e os budistas, em sua maioria pessoas de Rakhine. Desta vez,
isto tomou proporções de grande violência, e a situação é grave.
O confronto desta vez foi desencadeado pelo estupro de uma garota
budista, mas por muitos anos até agora, disputas entre vilarejos dos
dois lados sempre ocorreram envolvendo terras e recursos como a água. No
começo da década de 1990, sob a opressão do então governo militar de
Mianmar, mais de 200 mil Rohingyas fugiram para Bangladesh. Uma agência
das Nações Unidas precisou de mais de 10 anos para fazer com que esses
refugiados voltassem a Mianmar.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, manifestou
receios a respeito de que os mais recentes acontecimentos possam ter um
efeito negativo na tendência rumo à democracia do país.
Contudo o incidente do conflito e o processo de democratização não tem
necessariamente uma ligação direta. O presidente de Mianmar Thein Sein,
vem negociando acordos de paz com as minorias étnicas desde que assumiu o
cargo, e planeja promover o diálogo para resolver disputas políticas.
No entanto, a questão dos Rohingya é mais um problema social do que
político. Ele vem do fato de que Mianmar não reconheceu o grupo étnico
como membro da nação. Dizem que existem 135 grupos étnicos em Mianmar
mas o grupo Rohingya não se inclui entre eles. Myamnar diz que o povo
Rohingya é considerado bengali, pertencendo a Bangladesh. Portanto, o
confronto no estado de Rakhine desta vez pode demorar a ser resolvido,
mesmo que o processo de democratização avance em Mianmar.
Portanto, desta vez o problema não seria um fator que reverta o
movimento de democratização promovido pelo governo de Thein Sein. Mas o
confronto poderia abalar a segurança ou afetar o controle social.
Este foi o Comentário.
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