terça-feira, 12 de junho de 2012

O confronto no oeste de Mianmar

No Comentário de hoje, Toshihiro Kudo, pesquisador do Instituto de Economias em Desenvolvimento da Jetro, a Organização de Comércio Exterior do Japão, nos fala sobre o estado de emergência declarado em Mianmar.

Em meio aos progressos rumo à democratização em Mianmar, confrontos entre budistas e muçulmanos estão em escalada em um estado no oeste do país. O professor opina sobre a situação.

Ele diz que no estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, um confronto latente sempre existiu entre a minoria muçulmana que se autodenomina Rohingya e os budistas, em sua maioria pessoas de Rakhine. Desta vez, isto tomou proporções de grande violência, e a situação é grave.

O confronto desta vez foi desencadeado pelo estupro de uma garota budista, mas por muitos anos até agora, disputas entre vilarejos dos dois lados sempre ocorreram envolvendo terras e recursos como a água. No começo da década de 1990, sob a opressão do então governo militar de Mianmar, mais de 200 mil Rohingyas fugiram para Bangladesh. Uma agência das Nações Unidas precisou de mais de 10 anos para fazer com que esses refugiados voltassem a Mianmar.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, manifestou receios a respeito de que os mais recentes acontecimentos possam ter um efeito negativo na tendência rumo à democracia do país.

Contudo o incidente do conflito e o processo de democratização não tem necessariamente uma ligação direta. O presidente de Mianmar Thein Sein, vem negociando acordos de paz com as minorias étnicas desde que assumiu o cargo, e planeja promover o diálogo para resolver disputas políticas. No entanto, a questão dos Rohingya é mais um problema social do que político. Ele vem do fato de que Mianmar não reconheceu o grupo étnico como membro da nação. Dizem que existem 135 grupos étnicos em Mianmar mas o grupo Rohingya não se inclui entre eles. Myamnar diz que o povo Rohingya é considerado bengali, pertencendo a Bangladesh. Portanto, o confronto no estado de Rakhine desta vez pode demorar a ser resolvido, mesmo que o processo de democratização avance em Mianmar.
Portanto, desta vez o problema não seria um fator que reverta o movimento de democratização promovido pelo governo de Thein Sein. Mas o confronto poderia abalar a segurança ou afetar o controle social.

Este foi o Comentário.

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